quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Trabalhando na Antônio Carlos

Rotina de trabalho, mercado e sindicato daqueles que estão fazendo a ampliação de uma das avenidas mais movimentadas de BH


A maioria dos trabalhadores da construção civil segue uma rotina de trabalho, diretrizes dadas pelas empresas para que todas as pessoas envolvidas em determinada área de atividade possuam comportamento padronizado. Com os funcionários contratados pelas empresas Andrade Gutierrez e Barbosa de Melo, responsáveis pela obra da duplicação da Avenida Antônio Carlos, não é diferente.

Divididos em equipes de acordo com suas funções, a primeira coisa a fazerem depois de estarem uniformizados e utilizando todos os equipamentos de trabalho obrigatórios é reunir as equipes para uma palestra que definirá as tarefas do dia.

Os funcionários da obra cumprem metas semanais. Estas são passadas pelo engenheiro responsável através de reunião com a administração, e eles repassam para os encarregados da obra que, em palestra com os operários, apresentam o serviço da semana. Para a equipe de drenagem, a meta a ser cumprida por dia é construir dez metros de galeria, para atender à meta semanal de 60 metros por semana. Já a equipe de armadores, não tendo meta específica por dia, trabalha com a da semana.

Assim como em todas as rotinas, existem adversidades atrapalhando ou modificando toda sua estrutura. Normalmente, o imprevisto mais comum é causado por ações da natureza. A chuva é um fator negativo para o bom andamento da obra, pois muda a rotina de trabalho dos funcionários. De acordo com o encarregado de produção e drenagem, Adão Pereira, o desenvolvimento do trabalho tem quedas consideráveis em dias de chuva. “Nossa meta por dia é atingir dez metros de galeria. Com a chuva, o máximo que atingimos são três”.

Quando a chuva é muito forte, a única coisa que os funcionários fazem é ajudar na limpeza de lamas que escorrem para as pistas e improvisar escoramentos por causa de desmoronamentos. Com equipamentos e obra-prima molhados, os operários não têm condições de trabalhar, sendo liberados. No caso dos trabalhadores que ganham por hora trabalhada, eles também perdem o dia.

Pereira também relatou que os usuários de drogas são um incomodo, e estão espalhados pelos escombros da Antônio Carlos. “Vejo várias pessoas entrando pela manhã e saindo à noite. A maioria dessas pessoas fica próxima à Rua Formiga, esperando um albergue abrir, para tomar banho, comer e dormir. No outro dia, elas saem e voltam para as ruas, onde se drogam o tempo todo,” conta Pereira. Ainda segundo o operário, a Polícia Militar (PM) chega a prender alguns viciados, principalmente aqueles que cometem furtos pela região, mas no dia seguinte, eles voltam a abordar moradores, comerciantes e funcionários da obra, sem nenhuma restrição.

Outro fator que também interfere negativamente na obra é o grande número de veículos que trafegam pela avenida, pois para fazer escavações é necessário desviar o trânsito, o que causa engarrafamentos e atrasa a chegada de materiais e tratores, atrapalhando também a circulação pelas obras. Tudo isso, além de ter que redobrar a atenção com os funcionários e máquinas.

Os funcionários são contratados temporariamente pelas empresas Andrade Gutierrez e Barbosa Melo. Assim, quando a obra na Avenida Antônio Carlos acabar, automaticamente eles não farão mais parte dessas empresas. Mas, segundo Adão Pereira, se o funcionário mostrar uma boa produção e um bom rendimento, ele é transferido para outra obra, como é o caso do armador Getúlio Correia, 57 anos, que há 35 trabalha pela empresa Andrade Gutierrez. “Sempre que acaba uma obra, a empresa me manda para outra. Vou participar da construção da cidade administrativa e de uma obra próxima à UFMG”, diz Getúlio.

Apesar de existirem vários fatores negativos que mudam o cotidiano de quem trabalha na obra, o resultado será gratificante, pois beneficiará toda a população. Segundo a BH-Trans, 85 mil veículos circulam diariamente pela Antônio Carlos. O alargamento vai beneficiar todos os usuários, diminuindo o tempo das viagens. O armador José Ferreira, que também trabalha na obra, mora na região de Venda Nova e sempre passa pela avenida. “Fico feliz por meu trabalho contribuir. Fazendo parte de tudo isso, estamos melhorando a cidade, construindo passarelas e semáforos, garantindo a segurança de pedestres e veículos. Os benefícios também valerão para mim, que moro em Venda Nova e sempre passo por aqui”.


O encarregado Pereira ressalta que a duplicação da avenida vai aumentar a fluidez no tráfego, reduzir os custos operacionais do sistema de transporte, dar mais segurança aos pedestres e à população vizinha, melhorar o acesso do trabalhador e diminuir a poluição com a requalificação de áreas urbanas. O trabalhador conta sobre o projeto paisagístico elaborado, que prevê o plantio de 1,5 mil mudas de árvores ao longo da Avenida Antônio Carlos, no trecho entre a Rua Operários, no bairro Cachoeirinha, até o Complexo da Lagoinha. O encarregado diz que essas árvores substituirão as 140 que estão sendo retiradas, devido às obras de ampliação da via. “Para cada árvore retirada, serão plantadas dez outras”, acrescenta.

Os operários possuem uma hora de almoço: o horário varia entre 11h e 13h, de acordo com o grupo de trabalho. Cada grupo possui horários de almoço específicos. Existe um refeitório dentro da obra, local em que os funcionários podem esquentar suas marmitas, sentar-se e descansar.

Muitos trabalhadores alegam fazer hora-extra, o horário de trabalho é de 7h às 17h, de segunda a sexta-feira; e de 8h às 16h, aos sábados. Durante a semana, a maioria trabalha até as sete da noite. Por receberem por hora, consideram ponto positivo ficarem até mais tarde. Getúlio ressalta que, no princípio das obras, havia dois turnos. Contudo, percebendo que o serviço não rendia à noite e considerando ser perigoso, e também por causa da criminalidade, o segundo horário foi extinto.

Quando perguntado quanto à presença do sindicato nas obras, das dez pessoas questionadas, todas responderam que não havia ninguém. Todos alegaram também não estarem filiados a nenhum sindicato ou entidade relacionada.



Emprego e sindicato

A construção pesada é responsável pela geração de 78 mil empregos em Minas Gerais, segundo dados do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de Minas Gerais (Sicepot).

De acordo com informações publicadas no site Agência Minas – Notícias do governo do Estado de Minas Gerais, atualmente, o alargamento da Avenida Antônio Carlos gera cerca de 2.100 empregos, sendo 700 diretos e outros 1.400 empregos indiretos. A nova etapa do alargamento é realizada por meio de parceria entre o governo de Minas e a Prefeitura de Belo Horizonte, com investimentos de R$ 250 milhões, sendo R$ 190 milhões do governo do Estado e R$ 60 milhões da prefeitura.

Para o presidente do Siticop, José Antônio da Cruz, com 15 subsedes no interior, as obras do governo de Minas na RMBH têm contribuído para o fortalecimento e aquecimento do setor. O Siticop representa cerca de 150 mil trabalhadores em todo o Estado. “Desde 2003 é possível notar o crescimento gradativo do setor da construção pesada em Minas”, ressaltou Cruz.

Um dos fatores destacados pelo presidente do Sicepot, Marcus Salum, para o fortalecimento do setor da construção pesada é o planejamento que o governo de Minas realiza para investimento em obras. De acordo com ele, sinalizações como a que o governo de Minas deu recentemente de que manterá todas as obras previstas pelo Programa de Pavimentação de Ligações e Acessos Rodoviários aos Municípios (Proacesso) são imprescindíveis para garantir a demanda por mão-de-obra e a tranquilidade no setor.

“O planejamento de investimentos por parte do governo Estadual, algo que sonhávamos, contribui para que o nosso setor se programe para atender as demandas. Isso é importante em todos os momentos, mas principalmente em situações de crise como a atual”, enfatizou Salum.

Na opinião do presidente do Sicepot, obras públicas como as realizadas na RMBH são essenciais para a colocação de mão-de-obra no mercado, contribuindo assim para a redução de problemas sociais como criminalidade e desemprego.

As obras na Antônio Carlos têm previsão de término no mês de março do ano que vem. Logo após, o governo de Minas enviará parte dos operários para o término da construção da Cidade Administrativa.

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Matéria produzida por: Jussara Coelho e Talita Karine

Corrigido por: Nicole Barcelos


Um comentário:

  1. -Concordância: apresentam (-1);
    -Crase: próxima à Rua Formiga (-1);
    -Concordância: o que causa engarrafamentos e atrasa (-1);
    -Não se esqueçam de utilizar um manual para padronizar o texto;
    -Concordância: têm contribuído;

    Boa matéria. Mais cuidado com a Norma Culta.

    Nota Total: 22/25.

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