segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Av. Antônio Carlos de olho no futuro

Com a conclusão das obras a expectativa é de que a Av. esteja adaptada para copa de 2014

Cândida Fernandes
Trecho do Bairro Lagoinha, próximo ao UNI-BH

O governo estadual, em parceria com o governo federal, está investindo R$250 milhões na duplicação da Avenida Antônio Carlos, uma das vias mais movimentadas da capital mineira. Desde o ano passado, pedestres e motoristas convivem diariamente com transtornos em vários trechos onde estão sendo construídos novos viadutos e 12 faixas de tráfego. No entanto, outros números também são chamativos, quase 5 mil empregos diretos e indiretos foram gerados nesse período, segundo a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.
A previsão é que depois do término, mais de 85 mil veículos passem pela Avenida durante o dia.
Atualmente o grande fluxo de carros causa grandes congestionamentos e quem trabalha ou estuda no centro de BH precisa ter muita paciência, pois as rotas e pontos dos transportes coletivos mudam diariamente. De dentro dos ônibus e automóveis é comum olhos estarem atentos a toda essa mudança. Efigênia Augusta de Lima, 38, moradora do Bairro Itapoã, passa diariamente pela Antônio Carlos e afirma que muitas vezes não se recorda mais dos prédios e comércio da região. “Fico curiosa com a obra, todos os dias tem algo diferente, parece um grande quebra-cabeças e determinados lugares não reconheço mais.”
Mas, a curiosidade da população não se limita apenas na construção que dia-a-dia toma corpo, desenhando a céu aberto o projeto dos engenheiros. Os braços que movem caminhões, máquinas de concreto, escovadeiras e moldam os andaimes chamam atenção tanto quanto os rostos desconhecidos.
Os trabalhadores da produção civil são oriundos de várias partes de Minas Gerais e do Brasil. Deixam pra trás suas origens, casa, família para buscar oportunidades. 21 de outubro, quarta-feira de manhã chuvosa na grande BH. Sem condições de trabalhar Francisco José Diniz, 56, e Marcelo da Costa, 28, voltam para os albergues, que eles chamam de alojamento. Francisco vindo do Ceará, conta que mora nas terras mineiras há mais de 30 anos e mesmo com a idade chegando não deixa de prestar seus serviços. “Isso pra mim é uma alegria, não há dinheiro que pague. Quando a obra estiver concluída trarei os meus netos aqui pra passear e direi: o vovô ajudou a fazer.”, diz ele. A família de Francisco mora em Montes Claros – MG e ele afirma que já se acostumou com a saudade. “É minha profissão, é o que leva o sustento pra eles, tenho que enfrentar a situação.”, fala emocionado. Desde os 21 anos o operador de máquinas trabalha na construção civil e ressalta a importância dos investimentos no país. “Sou um homem simples, mas sei que quando o governo investe a gente tem onde trabalhar. Passei anos desempregado, eu vi muitas crises, por isso falo pra essa juventude aí da obra para aproveitarem a oportunidade.”
Cândida Fernandes

Obras no Bairro Lagoinha

E pelo jeito Marcelo está seguindo os conselhos do amigo mais velho. Vindo da cidade vizinha de Nova Lima, o ajudante, acredita que se alguém sonha em construir um futuro melhor tem que começar desde cedo. “Não tive oportunidades para estudar e hoje trabalho dignamente como tantos outros, deixando uma obra imortal. Quero continuar na profissão, construir minha casa, comprar meu carro e passar férias na praia todos os anos.”, diz com um sorriso tímido.

De início a obra nada mais era que um transtorno, moradores ainda reclamam sobre a desordem, o trânsito piora devido aos desvios. A duplicação da Avenida Antônio Carlos tem como meta possibilitar uma melhoria na qualidade de vida dos moradores da região, um processo de longa data que necessita da colaboração de todos. Quem sai do interior de Minas Gerais ou do outro lado do Brasil para ganhar seu dinheiro suado será capaz de sustentar a família, o estudante que acorda cedo chegará mais rápido ao colégio ou universidade. A moradora Vânia dos Reis, 37, moradora do bairro Aparecida se sente prejudicada pela obra, pois vive um caos diário tentando chegar ao local de trabalho, mas afirma que é um mal necessário. “Não vejo a hora do término da obra, a via será segura para pedestres e motoristas, e vou poder acordar um pouco mais tarde, já que o trânsito não vai ser mais sufocante como é agora”. Assim como essa moradora preocupada e consciente, existem muitos outros que se misturam no dia a dia desse grande projeto. A estudante do 7º período de jornalismo Adelle Soares, 21, acorda às cinco e meia da manhã, arruma-se as pressas e vai a luta a caminho da faculdade onde estuda. “É estressante ver tantos carros parados e eu super atrasada para fazer uma prova”. A rotina dela é diferente da dos operários que trabalham na obra, mas a satisfação é um desejo dos ambos. Nova Lima, Pará de Minas, Pedro Leopoldo, como se deslocar para Belo Horizonte? Muitos deles não dormem em casa, alguns enfrentam uma longa viagem de casa para poderem trabalhar, um albergue qualquer se torna o novo lar desse operário. Quem passa pela Avenida Antônio Carlos diariamente é capaz de perceber a movimentação constante na obra. Trabalhadores vão e vêm, carregam peso, se enfiam em buracos, manuseiam ferramentas perigosas. Como lidar com essa pressão todos os dias? “É reconfortante saber que eu vou receber pra isso.

Arrumar serviço não é fácil, e quando tudo isso aqui estiver pronto, e eu com meu dinheiro no bolso é só alegria” afirma empolgado o operário Waldir dos Santos, 42. Mas não é apenas de correria e esforço físico que essas pessoas vivem. É comum as pessoas passarem de ônibus ou a pé pelos desvios estreitos da obra e se depararem com um grupo de trabalhadores rezando. Um novo dia se inicia, e é talvez através da oração que cada um busca sua força. Assim fica mais fácil perceber que cada indivíduo faz parte dessa construção, é uma teia de decisões para achar a melhor forma de facilitar a vida dos moradores e transeuntes. A Avenida Antônio Carlos sendo a principal via de do trânsito regional da Pampulha é prioridade na busca de melhorias. Ela interliga pontos importantes da cidade de Belo Horizonte, como a Universidade Federal de Minas Gerais e o Mineirão, principal arena esportiva que vai sediar jogos da Copa do Mundo de 2014. Com previsão para término em 2010 projetos não param de surgir, e cabe a população pensar no futuro. A Cemig já fez investimentos na rede de distribuição que contorna o Complexo da Lagoinha, também é previsto que 1,5 mil mudas de árvores sejam plantadas na rua Operários no bairro Cachoeirinha até o Complexo. Se o homem que sai de casa de madrugada e ora com os colegas por mais um dia de trabalho é otimista quanto ao resultado, todos nós também precisamos ser.


Melhorias no trânsito da Av. Antônio Carlos

Cândida Fernandes

Obras em frente ao Uni-BH

Percorrendo a Av. Antônio Carlos sentido Pampulha/Centro percebe-se uma significativa melhoria e, ao mesmo tempo, transtornos no trânsito. Devido ao saturamento dos últimos anos, a Avenida, passa por um processo de duplicação desde o ano de 2005. A primeira etapa que foi no trecho, que se inicia no Viaduto São Francisco e termina no cruzamento das avenidas Bernardo Vasconcellos e Américo Vespúcio. Nesse local foi construída uma trincheira que liga as duas avenidas. Já a segunda etapa finalizada em 2008, estendeu a duplicação desse ponto até a Rua Aporé, no bairro Aparecida. A terceira e última fase que está em período de construção terá a Avenida duplicada até o complexo da Lagoinha, onde serão construídos seis viadutos para ligar bairros no entorno da via. A previsão de término da última etapa da obra é para 2010.

De acordo com dados do site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em Belo Horizonte tem mais de 700 mil carros, pesquisa realizada em 2008. Entre ônibus e micro-ônibus são mais de 10 mil veículos para atender uma população com mais de dois milhões de habitantes. Embora essas construções sejam para o desenvolvimento do trânsito e melhoria do tráfego, as obras causam transtornos para passageiros de ônibus, motoristas, pedestres e moradores da região. Para Ângela Santos, moradora do Bairro Lagoinha, a duplicação da Antônio Carlos, trará muitos benefícios, mas enquanto a obra está acontecendo reclama constantemente dos barulhos das furadeiras, escavadeiras e da poeira que entra em casa.

“Com essa duplicação a tendência é melhorar o trânsito. Apesar de sair mais cedo de casa por causa de congestionamentos, pois tem dias que eles mudam onde devemos passar, a minha expectativa é que a Av. Antônio Carlos fique 100%”, afirma Paola Serafim, moradora do Bairro Jaraguá. Para moradores, a perspectiva é de que o trânsito tenha mudanças expressivas. Já para outros moradores as obras é uma solução, mas precisam de diversos fatores para ficar adequado aos usuários de ônibus. Para Danilo Resende, morador do conjunto IAPI, “não adianta fazer esse tamanho de obra, gastar milhões, se realmente não houver mudanças. Tem que colocar mais transporte coletivo, para que as pessoas deixem o carro em casa e vá de ônibus. Há uma serie de aspectos a serem mudados junto com a obra”, ressalta.

As expectativas em relação às obras são muitas. Moradores esperam que seja bom tanto para o trânsito, como para eles, pois terão acessos com mais facilidade a outros bairros, além de segurança no trânsito. “A obra será excelente para o trânsito, mas não se pode esquecer a segurança. Com a duplicação, com certeza o asfalto ficará melhor, sem buracos, mais larga para ônibus, carros e motos passarem, sem um ter que disputar espaço com outro. Além disso, a conexão que um bairro terá com o outro foi uma ótima idéia”, assegura a moradora do Bairro Lagoinha, Dalva Soares.

Cândida Fernandes; Densise Carvalho e Jacklane Alves

Um comentário:

  1. -Usem um Manual para normatizar o texto;
    -Vírgula entre sujeito e verbo: Francisco conta (-1);
    -Crase: à universidade (-1);
    -Concordância: as obras são uma solução (-1);
    -Acentuação: série (-1);
    -Reforma ortográfica: ideia.

    Matéria excelente. Contudo, tenham mais cuidado com o texto.

    Nota: 21/25.

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