domingo, 1 de novembro de 2009

Duplicando a avenida e construindo realidades


Avenida esburacada, trânsito lento e muita gente reclamando. A prefeitura responde em informativo: “Os transtornos são temporários, mas os benefícios são para sempre". E em meio a reclamações e expectativas estão os responsáveis por toda transformação, os trabalhadores operários. Muitas vezes fazendo papel de invisíveis, frente a uma sociedade apressada em ver logos os resultados.


Mais do que a duplicação da avenida Presidente Antônio Carlos, que vai trazer inúmeros benefícios para a região, o projeto proporcionou uma das condições mais almejadas pela população: a criação de empregos. De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot) foram gerados até o momento 4.700 empregos diretos e indiretos.


Segundo dados do Sistema Nacional de Empregos (SINE) o setor da construção civil está entre os quatro que mais ofereceram vagas de emprego neste ano. O segmento ficou em terceiro lugar com 7.314 novos empregos e com a criação de mais de 18 mil postos de trabalho.


A oferta no setor de construção é mais intenso nas cidades de Belo Horizonte, Ipatinga e Contagem segundo dados do Cadastro Geral de Empregos e Desempregos (CAGED). De acordo com o Secretário de Desenvolvimento Econômico de Ipatinga, Marcos Sena, em entrevista ao Jornal O Tempo, a construção civil está em pleno crescimento o que proporciona a criação de muitas vagas em todo país.


Projeto de como vai ficar a Av. Antônio Carlos após a obra

A batalha diária


São pais de família, jovens, solteiros, casados, mineiros, cearenses, e mais uma infinidade de características que compõe o quadro de empregados na duplicação. Não apenas homens ajudando a construir um patrimônio de R$ 250 milhões, valor investido pelo Governo do Estado e a Prefeitura de Belo Horizonte, mas antes de tudo vidas, sonhos e histórias se cruzando e trabalhando juntos por um mesmo objetivo. “Já rodei o Brasil todo trabalhando em obras, desde 91 trabalho nesse ramo da construção”, conta o cearense Josué Maia Florenço, 41, ajudante geral.


Também conhecidos como peões, os operários são homens de fibra que lidam diariamente com uma jornada dura. “Acordo 5 horas da manhã para pegar serviço as sete, e muitas vezes só vou embora depois das oito da noite”, conta Josué. Mas mesmo diante de uma rotina difícil, alguns não perdem a esperança e sonham com um futuro mais tranqüilo. "No final do ano quero fazer um curso de Técnico de Segurança do Trabalho, pretendo continuar trabalhando com obras, mas não como peão”, conta Welbert Rocha da Silva, 19, ajudante geral.


O incentivo para os estudos, segundo Welbert, parte de dentro da própria empresa responsável pela mão de obra, Consórcio Andrade Gutierrez. A empresa oferece cursos de alfabetização nos canteiros de obras, através do programa de educação integrada, que tem o objetivo de facilitar o processo de capacitação profissional e o desenvolvimento na carreira.


Outro benefício concedido pela empresa é a alimentação. Muitos trabalhadores saem de suas casas ainda de madrugada e nem sempre se alimentam para começar o dia. Após uma freqüência de acidentes de trabalho foi constatado por algumas construtoras que isso devia-se a fraqueza, por falta de alimentação adequada. Percebendo isso, as empresas do setor passaram a fornecer café da manhã e os operários da duplicação da Antônio Carlos ainda recebem outras refeições, como almoço, café da tarde e jantar.


O ajudante Geral Josué Maia Florenço em seu horário de almoço


A população tem pressa para que as obras terminem e a prefeitura já anunciou a data de entrega, março de 2009. Mas para que uma construção de grandes proporções como essa fique pronta em até 14 meses, tempo total previsto, a empresa responsável faz restrições quanto a folgas. “Eu trabalho de segunda a segunda. Quando necessito de folga tenho que avisar antes, mas é muito difícil conseguir”, conta Josué.


Outro fator que apressa o término das obras é a Copa do Mundo de 2014, já que a avenida Antônio Carlos é um acesso direto ao Estádio do Mineirão que irá sediar alguns jogos do campeonato. E para que a obra termine no prazo estipulado houve também o aumento da jornada de trabalho, como explica Welbert, “eu chego na obra as 7 h e não tenho hora de sair. O horário de trabalho é até as 17h, mas as vezes é preciso ficar até mais tarde para dar conta do serviço”. Segundo ele é permitido a cada funcionário o cumprimento de três a quatro horas extras por dia.


A longa jornada de trabalho reflete na vida pessoal de cada operário, e nem sempre o esforço parece valer à pena. “Eu costumo sair no final de semana com minha namorada, mas por causa do cansaço tem dias que prefiro ficar em casa. Quando saímos, damos preferência para lugares perto de casa e programas mais tranquilos, como ir ao cinema“, diz Welbert.


As vezes o empecilho para a diversão ou o descanso com a família está na distância, como é o caso de Josué. “Eu não saio nos dias de folga, porque também nem tenho para onde ir, então fico em casa com meu amigo que veio trabalhar comigo. Minha esposa está no Ceará, minha terra natal, e me liga quase todo dia pedindo para eu voltar. Eu também não vejo a hora, apesar de eu já estar acostumado a viajar muito, tem horas que a saudade aperta”, diz.


Após a conclusão da duplicação, os operários já têm destino certo de trabalho. Segundo a Setop, Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas, os trabalhadores serão encaminhados para outras obras. Welbert diz que irá participar da reforma do Mineirão e da restauração da Avenida Pedro I.


Welbert Rocha da Silva

A presença feminina nos canteiros de obras


Trabalhadores como Welbert e Josué não são raros de se encontrar na realidade brasileira. A rotina pesada de trabalho não é exclusividade desses operários e nem do sexo masculino. Segundo pesquisa feita pela Fundação João Pinheiro entre os anos de 2007 e 2008 nas famílias tradicionais – formadas por pai, mãe e filhos – a mulher teve participação no mercado de trabalho de 57,9%. Ou seja, mais da metade das famílias entrevistadas conta com a participação renda da mulher no sustento da família.


A participação feminina também está presente na duplicação da avenida Presidente Antonio Carlos. Elas atuam na obra como Técnicas de Segurança do Trabalho, como é o caso de Patrícia Soares, 32. “Apesar de ser um ambiente composto pela maioria masculina os operários me respeitam como mulher e como autoridade no trabalho”, conta.



Por Andreza Barcelos e Stephanie Gomes
Fotos: Divulgação e Andreza Barcelos




Um comentário:

  1. -Concordância: "frente a uma sociedade apressada em ver logo os resultados" (-1);
    -Vírgula: "Segundo dados do Sistema Nacional de Empregos (SINE), o setor";
    -Repito a sugestão de que utilizem um manual para normatizar os textos;
    -Concordância: "A oferta no setor de construção é mais intensa nas cidades" (-1);
    -Concordância: "características que compõem"; (-1);
    -Acabou a trema;
    -Checar informação: Consórcio Andrade Gutierrez;
    -Crase: "devia-se à fraqueza";
    -Dois pontos: "explica Welbert: 'eu chego...";
    -Crase: "às vezes";
    -Palavra: "com a participação 'da' renda da mulher no sustento da família";
    -Ortografia: Exclusiva.

    Boa matéria. Contudo, mais cuidado com a Norma Culta.

    Nota Total (sem copy de outro grupo): 22/25

    ResponderExcluir