segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Duplicação da Antônio Carlos incomoda estudantes

Os estudantes do UNI BH (Centro Universitário de Belo Horizonte), estão enfrentando inúmeros problemas com as obras feitas na Av. Antônio Carlos

Vanessa Calvo

Alunos do UNI BH sofrem com o barro causado pelas obras

Muito barulho, problemas, desapropriações, trânsito intenso, caos. Esse é o cenário vivido pelos estudantes do UNI BH, comerciantes e moradores desde 2008. Na Av. Antônio Carlos, uma das principais vias de acesso ao centro da cidade, estão sendo realizadas obras para a melhoria do trânsito na capital, que já passaram por duas etapas. No segundo semestre de 2009, começou a terceira etapa. Ruas foram fechadas, desvios foram feitos para que fosse realizada o alargamento da avenida. O prefeito Marcio Lacerda afirmou que a obra é fundamental para estrutura viária de Belo Horizonte e simboliza a consolidação da cooperação estreita entre a prefeitura da capital e o Governo do Estado. Mas essa melhoria trouxe transtornos aos moradores da capital, o trânsito se tornou lento, principalmente para aqueles que trafegam pela Antônio Carlos. Na época das chuvas o problema vem se agravando cada vez mais. Os mais prejudicados são os alunos e funcionários do UNI BH (Centro universitário de Belo Horizonte), que enfrentam trânsito lento e difícil acesso as principais ruas em torno da avenida.
Com a chegada das chuvas os carros enfrentam uma maior dificuldade com o acesso a Antônio Carlos, principalmente no complexo da lagoinha. Os alunos e funcionários do Centro Universitário sentem o drama. “Desde que começou a reforma eu tive que vir de carro, o túnel da lagoinha fica impossibilitado de você andar. Agora eu passo por cima, fazendo um grande desvio. Se eu passar pela Antônio Carlos fico pelo o menos 30 minutos parada”, ressalta a estudante do UNI BH Maíra Moreira. Não só o grande fluxo de carros é a única dificuldade enfrentada, o barro causado pela construção e o piso escorregadio, é uma das grandes preocupações para os estudantes. “Eu sinto um desconforto enorme desde o começo das obras. Estamos sem calçada, com apenas barro puro. Quando eu desço do ônibus acabo pisando na lama e ficando toda suja”, diz a universitária Meyre Ribeiro. Com o tempo chuvoso a situação ainda é pior. De acordo com o professor e coordenador do laboratório de jornalismo impresso Fabrício Marques, muitos alunos estão deixando de ir a aulas pela dificuldade que enfrentam com o trânsito e com a lama causada pelos temporais na porta da instituição de ensino superior. A professora do curso de designer gráfico Paula Almeida tem reclamações semelhantes. “Até para a gente que vem de carro é difícil, não tem onde estacionar, com a chuva a dificuldade de se chagar no local de trabalho é maior e sem contar no barro que a gente tem que pisar. É um transtorno enorme”.
Com o mau tempo, a terra vermelha por causa da construção, juntamente com a água, se transformam em uma lama que dificulta a passagem, fazendo com que os alunos cheguem com os pés sujos e com mais probabilidade de escorregarem, devido ao piso molhado. Para tentar amenizar, os trabalhadores da obra colocaram britas, mas mesmo assim ainda há riscos. Em dias de sol muito quente, a poeira é um fator que incomoda muito.

Atená Maria


Chuvas causam transtornos nas calçadas

No turno da noite quando os temporais são de maior intensidade os transtornos pioram, ruas alagadas, carros não conseguem trafegar e os alunos não conseguem chegar ao Centro Universitário. Outro grande incomodo é a mudança dos pontos ônibus. No sentindo centro – bairro não há um ponto de ônibus seguro para os estudantes, o que aumenta os riscos de atropelamentos. Como não existe passeio, os motoristas muitas vezes deixam as pessoas quase no meio da avenida e essa situação é ainda pior nos horários de pico, em que a avenida tem uma grande movimentação. Os ônibus intermunicipais têm uma situação mais agravante, ficam muito distantes e, pela falta de calçada, os pontos se encontram no meio da pista.
À noite, para aqueles que utilizam o transporte intermunicipal é ainda mais grave, eles sofrem com os perigos de assalto, o desconforto com as britas, o barro e a pouca iluminação. “Outro dia eu quase fui atropelada, estava indo para o ponto de ônibus à noite e um motoqueiro confundiu a área reservada para pedestres com a pista para carros. Levei um susto!”, completa a estudante do Centro Universitário de Belo Horizonte Júlia Gracielle.

Viviane Ferreira

Pontos de ônibus muito distantes é um problema para estudantes

No sentindo bairro-centro as complicações são semelhantes. O tempo de acesso ao complexo da lagoinha aumentou. Os alunos para não perderem as aulas estão tendo que acordar mais cedo. Para aqueles que trabalham e estudam a noite, a compreensão dos professores é importante nos atrasos e até nas faltas às aulas. “Eu estou acordando mais cedo para conseguir chegar na hora. Antes eu acordava às 6h30, agora acordo às 6h para pegar o ônibus mais cedo, mesmo assim ainda chegou um pouco tarde”, explica Mariana Cardoso estudante da instituição. Até os motoristas do transporte público estão sensibilizados com a falta de mobilidade dos alunos. “Tento deixar os alunos o mais perto possível, da forma mais segura. Vejo todos os dias o desespero de muitos por causa do trânsito. A situação está caótica para todos”, fala o motorista da linha 5401 que não quis se identificar.
As vans universitárias passam pelo o mesmo transtorno. As ruas de acesso as portarias do UNI BH, estão praticamente interditadas, dificultando o retorno e o estacionamento dos carros. “A solução é aguardar os alunos na Antônio Carlos mesmo, já que não tem como entrar nas ruas e nem estacionar. Deixando-os expostos a todos os tipos de perigos, inclusive para nós, que podemos ser multados por isso”, reclama Eduardo Silva que faz transporte universitário. Os alunos usuários de vans também se queixam. “Antes a van espera os alunos na portaria próxima a Antônio Carlos, como o retorno é muito grande, agora ele tem que pegar a gente na Rua Diamantina para tentar diminuir a volta que ele faz., afirma Meyre.
A pouca iluminação também é uma preocupação para os alunos e funcionários. Os grandes números de assaltos na região antes das obras eram frequentes, agora com quase não existência de luz, no turno da noite o risco é maior ainda. “Eu estava indo para o ponto de ônibus após terminar um trabalho, e já estava à noite, como a rua é mal iluminada e passam poucas pessoas, eu quase fui assalta. Com as obras tenho medo de se tornar constante”, denúncia à aluna Luisa Helena Novaes.
Os inúmeros problemas não param por ai, o constante barulho causado pelas máquinas, tem prejudicado a concentração dos alunos. “Eu estava fazendo prova, tentando me concentrar nas respostas e não conseguia. O barulho era intenso, dificulta muito a nossa concentração”, declara Mariana.
Essa tem sido a rotina dos alunos e funcionários do UNI BH. Perigo, lama, incômodos, transtornos e muita paciência para conseguir estudar e trabalhar. No ultimo dia 7 de outubro, após uma intensa chuva, os estudantes da instituição passaram por um susto. Salas de aula e corredores inundados, portarias intransitáveis, ninguém saia e ninguém entrava. Minutos ilhados em meio à água suja por causa do barro causado pela reforma. Os alunos esperam que a obra acabe no prazo determinado. Até março de 2010, os estudantes ainda vão continuar enfrentando todas essas dificuldades.

Trânsito

Segundo Ronan Aguiar, assessor de imprensa da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTRANS), circulam por dia, 85 mil veículos na Avenida Antônio Carlos. Com o período confuso os desvios vão sendo feitos à medida que a obra avança. “Não podemos precisar quantos agentes serão necessários nesse período. Em dias de maior movimento como sextas-feiras, dias de jogos ou vésperas de feriado, redobramos a atenção e deslocamos vários agentes para orientar o trânsito”, explica.
Ainda de acordo com Ronan, a última intervenção realizada foi no dia 17 de setembro. “Fechamos algumas ruas no entorno da avenida. Tudo é feito com sinalização e muitos panfletos são distribuídos à população. No momento as intervenções são maiores por volta do conjunto IAPI”. Em frente ao Centro Universitário de Belo Horizonte o cruzamento da Avenida Antônio Carlos com rua Diamantina foi fechado, facilitando assim, a travessia de alunos e funcionários. Para a estudante de Recursos Humanos, Sarah Carolina Pereira Fernandes, ficou mais fácil chegar ao ponto. “Antes não tinhamos tempo para atravessar. Ficávamos no meio dos carros e ônibus. Era muito perigoso. Com o fechamento da rua podemos atravessar a perigosa avenida com mais tranqüilidade”, ressalta.
Passam pela Antônio Carlos, 43 linhas de ônibus e mais de 100 mil pessoas utilizam o transporte coletivo. A obra de alargamento que prevê mais seis pistas e sete viadutos tem um custo de 250 milhões de reais.

Medidas para combater o stress

Trânsito lento, engarrafamentos e o barulho excessivo, fazem parte do cenário da capital mineira e eleva o stress dos Belo Horizontinos “às alturas”. Para alegria de muitos, é possível evitar ou pelo menos diminuir o problema. Driblar a ansiedade quando os carros estão parados não é tão difícil assim.
A estudante Ana Carolina Oliveira, tenta sair de casa com pelo menos meia hora de antecedência, ela deixa o conforto da cama para não se atrasar para às aulas. “Saindo mais cedo eu garanto o meu dia, não fico aflita pensando que não vai dar tempo de chegar. Manter a tranquilidade para mim é fundamental”, conta Ana Carolina.
De acordo com o médico psiquiatra Ênio Rodrigues, a estudante acerta quando levanta mais cedo, segundo ele pela manhã nosso organismo sofre alterações de humor e a irritabilidade no trânsito pode deixá-lo ainda mais comprometido. “É bom que as pessoas atendam para isso, sair de casa correndo sem fazer uma alimentação adequada e pegar engarrafamentos pode deixar o motorista extremamente estressado. Isso prejudica tanto sua vida social quanto sentimental, além de em alguns casos acarretar em outros problemas, como por exemplo: enxaquecas, depressão, insônia, entre outros”, explica o psiquiatra.
Outros usam a tecnologia como forma de fuga do problema. “Dentro do ônibus eu procuro ouvir músicas para não ficar pensando na lentidão do trânsito. Se eu dispersar e vê o que de fato está acontecendo fico muito nervosa. Então fecho os olhos e me volto só para a melodia”, comenta a estudante Júlia Gracielle.
Segundo Rodrigues, o ser humano não consegue se concentrar em duas coisas ao mesmo tempo, ele pode às vezes oscilar a atenção entre uma coisa ou outra, mas nas duas. “Ouvir música dentro do carro ou no transporte coletivo pode sim minimizar o stress. As pessoas que estão ouvindo músicas podem conseguir enfrentar com mais conforto o caos do que aquelas que se concentram somente no trânsito”, ressalta.
O Doutor Rodrigues deixa algumas dicas para aliviar a tensão na hora do trânsito intenso e aproveitar o tempo:

- Saia com antecedência de casa;
- Se puder, saia antes ou depois dos horários de pico;
-Procure caminhos alternativos, evitando grandes avenidas, de trânsito intenso;
- Procure ouvir música calma e relaxante, em volume condizente e confortável;
- Pense em coisas boas enquanto estiver no trânsito. Pensamentos ruins podem deixá-lo ainda mais cansado, além de aumentar a frustração;
- Deixe a janela um pouco aberta, para ventilar dentro do automóvel;- Evite brigas;
- Faça exercício respiratórios, inspirando e expirando lentamente;
- Aproveite o trânsito parado para planejar seu fim de semana ou férias;
- Evite manter o pé fixo na embreagem e faça exercícios com os pés.

Por: Atená Maria, Vanessa Calvo e Viviane Ferreira

Corrido por: Isabella Barroso, Mariana Deslandes, Vitor Teixeira





2 comentários:

  1. Infelizmente, por problemas com o cumputador, o comentário com a correção se perdeu. No entanto, já tínhamos a nota, que foi de 19/25.

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  2. Oi Mariana,
    Obrigado pela visita, caso ainda queira pode ilustrar o twitter com as minhas fotos sim, me mande um email com detalhes >> bruno@brunosennaphotos.com
    Bjos
    Bruno Senna

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